Lançado no ultimo mês aqui no Brasil, ‘O poder’ é daqueles livros que você torce para descobrir mais alguém que esteja lendo – você sente necessidade de comentar sobre ele, de saber as opiniões dos outros leitores, de encontrar, com outras pessoas, novas leituras. Isso tudo porque ‘O poder’ permite diferentes leituras.
A primeira, que logo temos na capa e contracapa, com suas diversas citações, prêmios e referências, é que, com o perdão do trocadilho, trata-se de um livro poderoso. E em tempos de empoderamento feminino (ainda bem), uma obra como a de Naomi Alderman nos desperta os mais diversos questionamentos, dos mais profundos aos mais banais. O que acontece no universo criado por ela: as mulheres, em especial as jovens adultas, desenvolvem a “trama”, um órgão do corpo que dá a elas o poder de controlar a eletricidade. Mais do que acender e apagar uma lâmpada; agora temos o poder de eletrocutar.
Isto posto, vamos às reflexões: imagine se você pudesse dar um choque naquele cara parado na esquina com os amigos, cujo único objetivo de vida é jogar cantadas para o universo? Ou talvez usar os choques para, quem sabe, apimentar uma relação sexual? Ou, quando aplicado na intensidade certa e no ponto certo do corpo, promover a cura dos mais diversos males? Maravilha!
No entanto, o poder também traz suas consequências. Poder em excesso, independente do sexo, pode facilmente se converter em abuso, tirania. Gerar fanatismos. E vemos isso acontecer no livro. A mulher se torna biologicamente mais forte do que o homem, mas isso dá a nós o poder de subjugar o sexo oposto? Será que vamos cometer os mesmos erros que eles? E em qual intensidade?
Vale lembrar que a definição de feminismo é a igualdade de direitos para os sexos. É não ter uma força maior do que a outra.
Cada capítulo escrito por Naomi, desde o momento em que as mulheres começam a descobrir seu poder e como isso se desenvolve ao longo dos anos, pode – de novo, perdão o trocadilho – te chocar. Vemos a história pelo ponto de vista de diferentes personagens femininos e, o que eu acho sensacional, no ponto de vista de um homem, um jornalista que vai registrando as mudanças que o poder provoca no mundo todo.
Foi um livro que eu devorei. Não sei se pelo fato de ter lido pouco tempo antes ‘O conto da aia’, de Margaret Atwood (que, aliás, é mentora de Alderman), essa distopia feminina me deixou com a cabeça a mil. Além de a história ser ótima, a edição está incrível, tanto no texto quanto no projeto gráfico. A última frase te deixa sem ar, como um soco. Por isso, para não dar spoiler, leia o livro e venha comentar comigo!
Deixe um comentário