Quando o assunto é papel, sou meio maluca. Posso ficar meses sem comprar roupas e sapatos novos (pode falar isso em blog de moda?), mas sem comprar algo de papel é impossível. Tanto que me impus uma restrição à compra de livros e tento me controlar com cadernos e bloquinhos. Mas esse pensamento centrado vai por terra quando o assunto são revistas. Assino, compro quando estou feliz, compro para me animar. Sou e sempre fui a louca das revistas. E esse foi um dos motivos que me fez ficar tão triste com as notícias desta semana.
A Abril, principal grupo editorial do país, anunciou o encerramento de diversos títulos. Não é a primeira vez que acontece. Mas agora mexeram com meu coração, com duas revistas que amo: a Cosmopolitan, que leio desde que era NOVA, e a Elle. Ah, a Elle…
Anos atrás, como boa guarulhense que sou, arrumei um emprego no aeroporto. Em uma das noites de plantão, saí da sala para comer algo. Inevitavelmente acabei na livraria/revistaria do aeroporto. E uma revista chamou minha atenção: uma mulher ruiva, com um vestido vermelho. Era uma revista de moda – sempre li femininas, mas nunca algo tão específico sobre moda. Era a edição de aniversário da Elle Brasil de 2009. Era um caminho sem volta. Um bom caminho.
Virei leitora, assinante, colecionadora. Aprendi sobre moda e sobre mim. Fui parar em redações de revista – sim, a louca das revistas só poderia acabar fazendo revistas. Mas nem todo mundo é maluco por papel assim como eu. O mercado de revistas deixou de ser lucrativo faz anos. Vários títulos foram fechando. E olha que quando eu entrei na Abril vi quatro revistas nascerem em um ano. Agora, infelizmente, só às vejo morrer.
Mais do que perder um grande título, o mundo da moda perde grandes profissionais. Colegas jornalistas que, eu espero, muito em breve estejam de volta a ativa. Mas provavelmente não será no papel: será na internet, nas redes sociais, em outras mídias que ainda nem sabemos que serão inventadas, da mesma forma que, quando eu entrei na faculdade de Jornalismo, o legal era o Orkut (não aceita esse depoimento!). Hoje, o Orkut, assim como a Elle Brasil, não existe mais. Mas a gente, os contadores de boas histórias, resistiremos.
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